CAMINHO
DA MEDITAÇÃO
UM KARMAYOGI É UM
RENUNCIANTE
O Senhor Krishna disse: aquele que realiza as
obrigações prescritas, sem procurar os seus frutos para o gozo pessoal, é tanto
um renunciante como um Karmayogi. Não nos tornamos renunciantes pela luz
artificial do fogo (de sacrifícios), bem como não nos tornamos um yogi
simplesmente abstendo-nos do trabalho (6.01).
Ó Arjuna, renúncia (Sannyasa) é o mesmo
que Karmayoga. Porque, não se torna um Karmayogi quem não
renunciou ao motivo egoísta por detrás de uma ação (6.02). Veja, também, 5.01,
05; 6.01 e 18.02.
UMA DEFINIÇÃO DE
YOGA
Para
o sábio que procura alcançar o yoga
da meditação, ou equilíbrio da mente, diz-se que Karmayoga é o meio. Para
aquele que realizou o yoga, o
equilíbrio torna-se um meio da auto-realização. Diz-se que uma pessoa alcançou a
perfeição yóguica quando ela não deseja prazeres sexuais ou apegos pelos frutos
do trabalho, e renunciou a todos os motivos pessoais egoístas
(6.03-04).
A perfeição do Yoga pode ser alcançada somente
quando alguém faz todas as atividades para a satisfação de Deus. Karmayoga, ou
trabalho desapegado, sem egoísmo, produz a quietude da mente. Quando se realiza
a ação, como um assunto de responsabilidade sem qualquer motivo egoísmo, a mente
não é perturbada pelo medo do fracasso; ela torna-se tranqüila, e se alcança a
perfeição yógica, por intermédio da meditação. A tranqüilidade da mente,
necessária para a auto-realização, chega depois de se abandonar os desejos
pessoais e os motivos egoístas. O egoísmo é a causa-raiz de outros desejos
impuros da mente. A mente sem desejo torna-se pacífica. Deste modo, o Karmayoga
é recomendado para as pessoas que desejam o sucesso no yoga da meditação. A
perfeição na meditação resulta em controle sobre os sentidos, trazendo
tranqüilidade da mente que, no final das contas, conduz para a realização de
Deus.
A MENTE É O MELHOR AMIGO ASSIM
COMO O MAIS PERVERSO INIMIGO
Alguém
deve elevar-se – não degradar-se – através de sua própria mente. A mente é amiga
ou inimiga de alguém. A mente é amiga para aqueles que possuem controle por
sobre ela, e a mente atua como um inimigo para aqueles não a controlam
(6.050-06).
Não há inimigo outro do que uma mente
descontrolada neste mundo (BP 7.08.10). Portanto, deve-se primeiro tentar
controlar e conquistar este inimigo pela prática regular da mediação, com firme
determinação e esforço. Todas as práticas espirituais são dirigidas por
intermédio da conquista da mente. Guru Nanak disse: “Controle a mente e você
controlará o mundo”. O Sábio Patañjali define o yoga como o controle das
atividades (ou das ondas de pensamento) da mente e do intelecto (PYS 1.020). “O
firme controle da mente e dos sentidos é conhecido como yoga (KaU 6.11). O
controle da mente e dos sentidos é chamado de austeridade e yoga (MB 3.209.53).
O propósito de toda a meditação é o de controlar a mente, e que se possa focar
em Deus e viver de acordo com Suas instruções e vontade. A mente de um yogi está
sob controle, e um yogi não está sob o controle da mente. A meditação é o
controle sem esforço da natural tendência da mente para se desviar, e
sintonizá-la com o Supremo. O yogi Bhajan disse: “Um único ponto, na mente
relaxada, é a mais poderosa e criativa mente – podendo fazer qualquer
coisa”.
Realmente, a mente é a causa do cativeiro como
da liberação da entidade viva. A mente torna-se a causa do cativeiro quando é
controlada pelos modos da natureza material; e a mesma mente, quando liga-se ao
Supremo, torna-se a causa da salvação (Bp 3.2515). A mente, por si só, é a causa
da salvação bem como do cativeiro dos seres humanos. A mente torna-se a causa do
cativeiro quando é controlada pelos objetos dos sentidos, e torna-se a causa da
salvação quando é controlada pelo intelecto (VP 6.0728). O absoluto controle,
por sobre a mente e os sentidos, é o pré-requisito para qualquer prática
espiritual de auto-realização. Aquele que não se torna o mestre dos sentidos não
pode progredir através da meta da auto-realização. Portanto, após estabelecer o
controle sobre as atividades da mente, se deve segurá-la longe dos prazeres
sexuais, e fixá-la em Deus. Quando a mente desliga-se dos prazeres dos sentidos,
e se liga em Deus, os impulsos dos sentidos tornam-se ineficazes, porque os
sentidos recebem seu poder da mente. Aquele que se torna mestre da mente se
torna mestre de todos os sentidos.
Aquele que possui o controle sobre o ser
inferior – a mente e os sentidos – fica calmo no frio e no calor; no prazer e na
dor; na honra e na desonra; e permanece sempre constante, com o Ser Supremo
(6.07).
Pode-se realizar Deus somente quando a mente
torna-se calma e completamente livre dos desejos, e das dualidades, tais como a
dor e o prazer. De qualquer forma, as pessoas raramente são livres dos desejos e
de dualidades. Mas alguém pode se tornar livre das amarras do desejo e da
dualidade se os usa para o serviço do Senhor. Aqueles que são mestres de suas
mentes recebem a riqueza espiritual do conhecimento e bem-aventurança. O Ser
somente é realizado quando o lago da mente torna-se sereno, do modo como o
reflexo da lua é visto num lago quando a água está tranqüila. (veja
2.70);
Chama-se de yogi a pessoa que tanto
possui auto-conhecimento como auto-realização; que é tranqüila; que possui
controle sobre a mente e os sentidos, e para quem um montinho de terra, uma
pedra e o ouro são a mesma coisa (6.08).
Considera-se
uma pessoa superior quem é imparcial em relação aos companheiros, amigos,
inimigos, pessoa neutra, árbitros, inimigos, parentes, santos e pecadores
(6.09).
TECNICAS DE
MEDITAÇÃO
Um yogi, fixa-se num lugar ermo e
solitário, e deve constantemente contemplar uma imagem mental, ou a
magnificência do Ser Supremo, após trazer a mente e os sentidos sob controle, e
tornando-se livre dos desejos e propriedades (6.10).
O lugar de meditação deve ter serenidade,
ser solitário, e possuir uma atmosfera
espiritual sem odores, ruídos ou luzes, na simplicidade de uma caverna do
Himalaia. Prédios robustos e brilhantes, com imagens de mármore sofisticadas,
não é o suficiente. Estes locais, com freqüência, em vez de espiritualidade,
levam em conta somente o comércio religioso.
Os oito passos da meditação, baseados nos
Yogasutras de Patañjali são (PYS 2.29): (1) conduta moral; (2) prática
espiritual; (3) postura correta e exercícios de yoga; (4) respiração yóguica;
(5) abstenção dos sentidos; (6) concentração; (7) meditação e (8) transe ou
estado de superconsciência da mente.
Devemos seguir estes oito passos, um por um,
sob própria guia, para progredirmos na meditação. O uso da respiração, e das
técnicas de concentração, sem a necessária purificação da mente, e sem a
sublimação dos sentimentos e desejos pela conduta moral e prática espiritual
(veja 16.23), poderá conduzir ao danoso estado neurótico da mente. Patañjali
disse: “A postura sentada para a meditação deve ser estável, relaxada, e
confortável, individualmente, para o corpo físico (PYS
2.46).
A respiração yóguica não deve ser forçada – e
freqüentemente causa dano – com a retenção da respiração nos pulmões, como
equivocadamente é feita, e é uma prática inadequada. Patañjali define como sendo
o controle do Prana – os bioimpulsos da força vital astral – o que causa o
processo respiratório (PYS 2.49). É um processo gradual de trazer sob controle,
ou diminuição de velocidade – pelo uso padrão das técnicas yóguicas, como as
posturas do yoga, exercícios respiratórios, represamento, e gestos – os
bioimpulsos que ativam os nervos sensitivos e motores, que regulam a respiração,
e sobre os quais normalmente não se têm controle. Quando corpo está
sobrecarregado com o gigantesco reservatório da corrente cósmica onipresente,
correndo pela coluna oblonga, a necessidade pela respiração é reduzida ou
eliminada, e o yogi alcança o estado de transe típico, o marco último da jornada
espiritual. Os Upanishads dizem: “nem um mortal vive eternamente pelo respirar
apenas o oxigênio do ar. Os mortais dependem de outras coisas (KaU 5.05). Jesus
disse: Não se vive só de pão (comida, água e ar), mas por toda a palavra (ou a
energia cósmica) que sai da boca de Deus (Mateus. 4.04). O fio da respiração ata
a entidade viva (alma) no complexo mente e corpo. Um yogi desata a alma do corpo
e amarra-a com a superalma, durante o estado de transe respiratório.
A retirada dos sentidos é o maior obstáculo na
realização da meta de um yogi. Quando os sentidos retiram-se completamente a
concentração, a meditação, e o Samadhi, tornam-se muito fáceis de controlar. A
mente deve ser controlada e treinada para ir atrás do intelecto, especialmente
por se deixar atrair, e ser controlada, pelos sentidos grosseiros, como a
audição, o tato, a visão, o paladar e a
olfação. A mente é inquieta por natureza. Vigiando-se a corrente natural da
respiração, que entra e que sai nos pulmões, e a respiração alternada,
auxilia-se a mente a tornar-se estável.
As duas técnicas mais comuns da retirada dos
sentidos são as seguintes: (1) focar com plena atenção num ponto entre as duas
sobrancelhas (no entrecenho). Perceber e expandir uma esfera de luz branca
rodando ali; (2) cantar mentalmente um mantra, ou qualquer santo nome do Senhor,
o mais rapidamente possível, por um longo tempo, e deixando a mente
completamente absorta dentro do som do canto mental, até que você não escute o
tique-taque de um relógio próximo. A
velocidade e o barulho do canto mental serão incrementados com a inquietação da
mente, e vice e versa.
A concentração numa parte particular de uma
deidade, sob o som de um mantra, sob a corrente da respiração, em vários centros
energéticos do corpo, na região entre as sobrancelhas, sob a ponta do nariz, ou
numa imaginária flor de lótus carmesim, no centro do peito, tranqüiliza a mente,
e pára com seus desvios.
Deve-se sentar firmemente por sobre um assento,
que não seja nem muito alto e nem muito baixo; coberto com grama, e com uma pele
de cervo, e um tecido, um sobre o outro, num local limpo. Deve-se sentar nele
numa posição confortável, e concentrar a mente em Deus; controlando os
pensamentos e as atividades dos sentidos; deve-se praticar a meditação para
purificar a mente e os sentidos (6.11-12).
Um yogi deve contemplar qualquer bela forma de
Deus até que ela se torne presente em sua mente. Uma meditação curta, com plena
concentração, é melhor do que uma longa meditação sem concentração. Fixando a
mente num objeto simples de concentração por doze (12) segundos, dois e meio
minutos (2,5), e meia hora, é conhecido como concentração, meditação, e transe,
respectivamente. Meditação e transe são resultados espontâneos da concentração.
A meditação ocorre quando a mente pára de oscilar fora do ponto de concentração.
No estado inferior do transe, a mente torna-se,
assim, centrada numa parte particular da deidade – como a face ou os pés – deste
modo, esquecendo-se de tudo. Este estado é como um estado de sonho acordado,
onde a mente, os pensamentos, e as coisas ao redor, permanecem na consciência.
No estágio elevado de transe, o corpo torna-se ainda mais sem movimento, e a
mente experimenta vários aspectos da verdade; a mente perde sua identidade
individual e nos tornamos unos com a mente cósmica.
O estado de superconsciência da mente é o mais
elevado estado de transe. Neste estado da mente, a consciência normal humana
conecta-se com (ou é superada por) a consciência cósmica; se alcança o não-pensar, diminuição da
pulsação, e suspensão do alento, não se sentindo qualquer coisa exceto paz, bem
estar, e suprema bem-aventurança. No elevado estado de transe, o centro de
energia (Chakra) no alto da cabeça abre-se, e a mente mergulha dentro do
infinito; e aqui não há mais mente ou pensamento, mas apenas o sentimento da
transcendental existência de Deus, consciência pura e bem-aventurança. A pessoa
que alcança este estado é chamada de sábia.
Alcançar o estado de felicidade do transe é
visto com dificuldades para a maioria das pessoas. Munijii nos dá um método
simples. Ele diz: “quando você está imerso em Deus e o Seu reino flui através de
você, você torna-se muito feliz, sempre alegre e feliz”.
Deve-se manter a cintura, a coluna, o peito, o
pesco e a cabeça eretos, firmes e sem movimento; fixar os olhos e a mente
firmemente na ponta do nariz, sem olhar ao redor; tornando a mente serena e sem
medo; praticando o celibato; tendo a mente sob controle, pensando em Mim, e
tendo a Mim como a meta Suprema (6.13-14). Veja, também, 4.29; 5.27.
8;10;12.
Hariharananda sugere manter a atenção num ponto
localizado a 10 cm entre as duas sobrancelhas, próximo a glândula mestre, a
pituitária. A Bíblia diz: “a lâmpada do corpo é o olho. Se o olho é sadio, o
corpo inteiro fica iluminado” (Mateus 6.22). Fixar a concentração na ponta do
nariz é um gesto de Kriyayoga, recomendado por Swami Sivananda para despertar o
Kundalini, a energia potencial localizada na base da coluna vertebral. Após uma
pequena prática diária os olhos irão se acostumar, e levemente se convergerão, e
vê-se os dois lados do nariz. Enquanto você se concentra na ponta do nariz,
observe o movimento da respiração através das narinas. Após dez minutos, feche
seus olhos e olhe o espaço escuro na testa (com os olhos fechados,
interiormente). Se você ver uma luz, concentre-se nela, porque esta luz poderá
absorver por completo a sua consciência e levar você ao transe, de acordo com as
escrituras yóguicas. Os iniciantes podem, primeiramente, praticar fixando a
contemplação entre as duas sobrancelhas, como mencionado no verso 5.27, ou no
centro do peito, como aconselhado no verso 8.12, antes de experimentar fixar-se
na concentração na ponta do nariz. A ajuda de um professor, e o uso de um
mantra, são altamente recomendáveis.
O celibato é necessário para tranqüilizar a
mente e despertar o Kundalini adormecido. Celibato e o exercício de respiração
certa são necessários para limpeza do corpo sutil. O corpo sutil é alimentado
pela energia seminal ou ovariana, assim como o corpo grosseiro necessita de
alimento para alimentar-se. Sarada Ma previne aos seus discípulos para não se
relacionarem com pessoas de gêneros opostos mesmo que Deus tenha feito desta
forma. A regra do celibato, no Ocidente,
na vida espiritual é negligenciada, porque não é tarefa fácil para a
maioria das pessoas. O indivíduo deve
escolher o companheiro de vida certo, para o sucesso da jornada espiritual, se a
prática de celibato não é possível. É muito danoso forçar o celibato aos
discípulos. As escrituras dizem:“Assim como um rei vence o inimigo invisível,
protegido pelas muralhas do castelo, de modo semelhante, aquele que quer a
vitória sobre a mente e os sentidos, deve tentar subjugá-los vivendo como um
chefe de família (BP. 5.01.18). A sublimação dos impulsos sexuais antecede a
iluminação (AV. 11.05.05). Um dos sentidos, apegado ao seu objeto, pode drenar a
mente, do mesmo modo que um buraco num pote d´água pode esvaziá-lo (MS 2.99).
Comete-se pecado pelo engajar os sentidos aos objetos dos sentidos, e obtém-se o
poder yóguico pelo controle dos sentidos (MS 2.93). a transmutação da força
vital da energia procriativa conduz ao yoga. Pode-se transcender ao sexo por
contemplar a presença divina no corpo de todos os seres humanos e mentalmente
reverenciá-lO.
Desta forma, pela prática de sempre manter a
mente fixa em Mim, o yogi, cuja mente está subjugada, alcança a paz do
Nirvana, e vem a Mim (6.15).
Este
yoga não é possível, Ó Arjuna, para aquele que come muito, ou que não
come de nenhuma maneira; que dorme muito, ou, também, muito pouco
(6.16).
O
yoga da meditação destrói toda a
aflição, naqueles que são moderados no comer, na recreação, no trabalhando,
tanto dormindo como acordados (6.17).
O Bhagavad-gita ensina que os extremos devem
ser evitados a qualquer custo em todas as esferas da vida. Esta moderação do
Gita é elogiada pelo Senhor Budda, que chamou-a de “Caminhodo Meio”, a reta via,
ou o nobre caminho. Uma mente e corpo saudáveis são requeridos para o sucesso de
uma realização de qualquer pratica espiritual. Portanto, requer-se que um yogi
deva ser regulado na suas funções corpóreas diárias, como no ato de comer,
dormir, banhar-se, descansar e na recreação. Aqueles que comem muito, ou pouco,
podem tornar-se doentes ou fracos. Recomenda-se preencher o estômago pela metade
com alimentos, outra quarta parte com água, e deixar o resto com ar. Se alguém
dorme mais do que seis horas, a preguiça, a paixão e a bile podem aumentar. Um
yogi deve evitar a gratificação extrema no controle dos desejos bem como a
oposição extrema da disciplina, torturando o corpo e a mente.
Diz-se que uma pessoa alcançou o yoga, a
união com o Ser, quando a sua mente, perfeitamente disciplinada, torna-se livre
de todos os desejos e obtém completamente a união como Ser no transe
(6.18).
Uma lâmpada num lugar protegido pelo Ser, do
vento dos desejos, não tremula. Semelhante a isto é usado para subjugar a mente
num yogi praticante da meditação no Ser (6.19).
O sinal da perfeição yóguica é de que a mente
fica sempre despreocupada, tal como a chama de uma lamparina num lugar sem
vento.
Quando a mente é disciplinada pela prática de
meditação, torna-se firme e quieta; alguém torna-se contente com o Ser por
contemplá-lO com o intelecto purificado (6.20).
O Ser está presente em todos seres vivos com o
fogo está presente na madeira. A fricção faz o fogo tornar-se presente na
madeira visível para os olhos; de modo semelhante, a meditação faz o Ser, que
reside no corpo, perceptível (MB 12.210.42). Uma transformação psicofísica (ou
estado de superconsciência) da mente em transe é necessária para à realização em
Deus. Cada um de nós pode ter acesso à mente superconsciente, que não é limitada
pelo tempo e pelo espaço.
O infinito não pode ser compreendido pela
razão. A razão é incapaz de compreender a natureza dos princípios Absoluto. A
mais elevada faculdade não é a razão mas a intuição, a compreensão do
conhecimento que vem do Ser e não dos sentidos falíveis ou raciocínio. O Ser
pode ser entendido somente pela experiência intuitiva, no mais elevado estado de
transe, e não por outros meios. Yogananda disse: “a meditação pode aumentar o
copo mágico da intuição para guardar o oceano de inteligência infinita.
Somente pela percepção inteligente, além do
alcance dos sentidos, sentimos infinita bem-aventurança. Após percebermos a
Realidade Absoluta, jamais se é separado dela (6.21).
Após a auto-realização não se estima qualquer
outro ganho superior a ela. Uma vez estabelecidos na auto-realização, não se é
comovido nem mesmo por grandes calamidades (6.22).
O estado de desligamento de união com o
sofrimento é chamado de yoga. O yoga deve ser praticado com firme
determinação, e sem qualquer reserva mental (6.23).
Alcança-se o yoga após longa, constante, e
vigorosa prática de meditação com fé firme (PYS, 1.14).
Obtém-se gradualmente a tranqüilidade da mente
pelo total abandono dos desejos egoístas; na restrição completa dos sentidos
pela inteligência, e no manter a mente plenamente absorvida no Ser, por meio de
um treinamento saudável, e de um intelecto purificado, não pensando em nada mais
(6.24-25).
Quando a mente está liberta – com o auxílio das
práticas espirituais – das impurezas da luxúria e ambição nascidas do sentimento
de “Eu, para mim, e meu”, ela fica tranqüila na alegria e no sofrimento material
(BP 3.25.16).
Sempre
que esta inquieta e instável mente desviar-se durante a meditação, deve-se,
neste momento, mantê-la sob o olhar vigilante (ou controle e supervisão) do Ser
(6.26).
A mente joga e engana desviando-se e vagando no
mundo da sensualidade. O praticante de meditação deve manter a mente fixa no
Ser, pela permanente ponderação de que somos almas, e não o corpo. Deve-se ter o
cuidado e rir-se das excursões da mente, e conduzi-la gentilmente de volta à
supervisão do Ser. A tendência natural da mente é vagar. Nós conhecemos a
experiência de que a mente é muito difícil de controlar. O controle da mente é
uma tarefa impossível como o controlar do vento. A mente humana somente pode ser
subjugada por uma prática sincera de meditação e desapego (Gita. 6.34-35). A
maioria dos comentaristas, declaram que a mente ou o ser deve ser trazida de
volta sob a supervisão do Ser quando ela inicia a desviar-se durante a
meditação.
O Atma é considerado superior ao corpo,
sentidos, mente, e o intelecto (Gita, 3.42). Desta forma nós podemos usar os
na~uncios do Atman para subjugar a mente. Swami Vishas desenvolveu uma técnica
de meditação baseada num sentido ligeiramente diferente, dado no verso 6.26,
acima. Este método de meditação, baseia-se na teoria: “Nunca deixe a mente vagar
sem supervisionamento”, sendo descrito a seguir: assuma a postura de meditação
dada no verso 6.13. Ela é uma prática muito boa, antes de iniciar qualquer
trabalho; evoque a graça de um deus pessoal a sua escolha, que você acredita. O
Senhor Ganesha, e o Guru devem também ser evocados pelos Hindus.
O principal objetivo da meditação, ou de
qualquer prática espiritual, é para conseguir o afastamento do mundo
externo e de suas atividades, e iniciar a jornada interna, tornando-se um
introspectivo. Sempre manter em mente que você não é o corpo nem a mente, mas o
Ser (Atma) que é separado se superior ao complexo mente-corpo. Desapegue-se do
complexo mente-corpo e torne o seu Ser testemunha durante a meditação. Retire a
sua mente do mundo exterior e fixe-se contemplando qualquer que seja um dos seus
centros (glândula pituitária, o sexto chakra localizado entre as sobrancelhas, a
ponta do nariz, o centro cardíaco, etc) onde você se sinta mais confortável.
Observe as atividades da mente sem julgar
– bem ou mal – os pensamentos que chegam a mente. Apenas relaxe, passeie
no banco de trás do veículo da mente, e vigie as excursões da mente no mundo do
pensamento. A mente desvia-se por causa da sua natureza. Ela não fica quieta no
começo. Não seja apressado, controle ou tente ocupar a mente em qualquer outra
via, como pelo canto de um mantra, concentração em qualquer objeto ou
pensamento.
Desapegue-se em si mesmo por completo de sua
mente e vigia a brincadeira de Maya, a mente. Não esqueça que seu trabalho é ver
seu ser inferior, a mente, com o Ser superior, o Atma. Não se apegue ou fascine
pelas ondas de pensamento (Vritti) da mente; apenas contemple ou siga-os. Após
série sincera prática, a mente irá diminuir a velocidade quando ela descobrir
que está sendo constantemente vigiada e acompanhada. Não acrescente qualquer
coisa no processo de vigiar o mundo interno do processo de pensamentos
(Chitta-vritti). Lentamente, seu poder de concentração irá aumentar; a mente irá
juntar-se como uma jornada interior como uma amiga (Gita, 6.05-06); e um estado
de bem-aventurança irá irradiar-se ao redor de você. Você irá além do
pensamento, para o mundo impensado do Nirvikalpa Samadhi. Prati]que isto mpor
meia ou uma hora, pela manhã e pela tarde, ou qualquer outra hora conveniente,
mas fixe-se, num tempo a sua escolha. O progresso dependerá de vários fatores
diante do seu controle, mas persista sem adiar. Sempre finalize o processo de
meditação com a vibração de AUM por três vezes e agradeça a Deus.
QUEM É UM YOGI
A suprema bem-aventurança chega para um yogi auto-realizado cuja mente é calma,
cujos desejos estão sob controle, e que está livre de faltas ou pecado (6.27).
Tal impoluto yogi, que possui a sua mente e o
intelecto engajados no Ser, regozija-se na eterna bem-aventurança de estar em
contato com o Ser (6.28).
Yogananda disse: na ausência de uma
alegria interior, as pessoas tornam-se más. A meditação no bem aventurado Deus
permeia-nos com bondade.
Um
yogi, que está em união com o Ser
Supremo, vê a cada ser com uma visão de igualdade, por causa da percepção da
permanente onipresença do Ser Supremo (ou o Ser) em todos os seres, e todos
permanecendo no Ser Supremo (6.29) Veja,
também, 4.35 e 5.18.
A percepção da unidade do Ser em todos os seres
é a elevada perfeição espiritual. O sábio Yajnavalkya disse: “Uma esposa não ama
seu esposo por causa da satisfação dele ou dela. Ela ama a seu esposo porque ela
sente a unidade da sua alma com a alma dele. Ela une-se a seu marido e se torna
uma com ele (BrU 2.04-05). O fundamento védico do casamento é baseado nesta
nobre e sólida rocha da cultura da alma, e é inquebrável. Tentar desenvolver
qualquer relacionamento humano significativo, sem o firme entendimento das bases
espirituais de que todos eles é como tentar regar as folhas de uma árvore do que
a sua raiz.
Quando percebemos o Ser superior em todas as
pessoas no seus próprios Ser Superior, então não há odeia e nem se ofende a
ninguém (IsU 060). A paz eterna faz parte daqueles que percebem a existência de
Deus dentro de todos, como espírito (KaU 5.13). deve-se amar aos outros,
incluindo aos inimigos, porque todos são nosso próprio ser. “Amar os seus
inimigos e rezar por aqueles que perseguem a você”, não é apenas um dos nobres ensinamentos da
Bíblia, mas uma idéia elementar comum a todos os caminhos que levam a Deus.
Quando se entende que o Ser dele ou dela está em todos, a quem se odiará ou
castigará? Quebra-se o dente ao morder a língua. Quando não se percebe outra
coisa que não o próprio Senhor permanente no universo inteiro, com quem se
lutará? Deve-se não apenas amar as rosas, mas seus espinhos
também.
Aquele que vê o Uno em tudo e tudo em Um, que o Uno em todos os lugares. O
pleno entendimento nisto e a experiência da unidade da alma individual e a
Superalma, é a mais elevada realização e a única meta do nascimento humano (BP.
6.16.63). na plenitude do desenvolvimento espiritual, encontra-se que o Senhor,
que reside próprio coração, reside no coração de todos os outros: no rico, no
pobre, nos Hindus, nos Muçulmanos, nos Cristãos, no perseguido, no perseguidor,
no santo e no pecador. Portanto, odiar a uma única pessoa é odiar a si mesmo e a
Ele. A concretização disto torna alguém um verdadeiro santo humilde. Aquele que
realiza que a Superalma como sendo que a tudo penetra, e que não é outra, a não
o seu próprio ser individual, despoja-se de todas as impurezas acumuladas
através de várias reencarnações, alcançando a imortalidade e
bem-aventurança.
Aquele
que Me vê em Tudo, e vê tudo em Mim, não se desliga de Mim, e Eu não me desligo
dele (6.30).
Krishna ratifica que: “Uma pessoa
auto-realizada vê a Mim no universo inteiro, e em si mesmo, e vê o universo
inteiro e a si mesmo em Mim. Quando se vê que Eu a tudo impregno, assim como o
fogo consome a madeira, imediatamente se fica livre da ilusão. Obtêm-se a
salvação quando vemos a nós mesmos como diferentes do corpo e da mente, e dos
modos da natureza material, e estes como não sendo diferentes de Mim (BP.
3.09.31-33). O sábio percebe a seu
próprio Ser superior presente no universo inteiro, e o universo inteiro presente
no seu próprio Ser superior. Os verdadeiros devotos jamais temem qualquer
condição da vida, como a reencarnação, viver no paraíso ou no inferno, porque
eles vêem a Deus em todo o lugar (BP 6.17.28). Se você quer ver, lembrar-se e
estar com Deus todo o tempo, então você deverá praticar e estudar para ver Deus
em tudo e em toda a parte.
O não-dualista, que Me adora como permanente em
todos os seres, permanece em Mim, independentemente do modo de dele viver
(6.31).
O
melhor dos yogis é aquele que observa cada ser como a si mesmo e que pode sentir
a dor e o prazer dos outros como sendo seus, Ó Arjuna
(6.32).
Deve-se considerar todas as criaturas como
sendo nossos filhos (7.14.09). Esta é uma das qualidades de um verdadeiro
devoto. Os sábios consideram todas as mulheres como sua mãe; outros, um montinho
de terra como riqueza, e todos os seres como seu próprio ser. Rara é a pessoa
cujo o coração se enternece pelo ardor da tristeza dos outros, e que se regozija
ao escutar o mérito dos outros.
DOIS MÉTODOS PARA CONTROLAR A
MENTE IMPACIENTE
Arjuna disse: Ó Krishna, Você disse que o yoga da meditação caracteriza-se pela
tranqüilidade da mente, mas devido a inquietação da mente eu não vejo como
estabilizá-la. Porque a mente, realmente, é muito instável, turbulenta, poderosa
e obstinada, Ó Krishna, eu penso que controlar a mente é mais difícil do que
controlar o vento (6.33-34).
O
Senhor Krishna disse: sem dúvida, Ó Arjuna, a mente é impaciente e difícil de
controlar, mas ela é subjugada pela constante e vigorosa prática espiritual de
alguém – como a meditação – com perseverança e por desapego, Ó Arjuna (6.35).
O desapego é proporcional al entendimento da
inconsistência do mundo, e de seus objetos (MB 12.174.040). contemplação sem
desapego é como uma jóia sobre um corpo sem roupas (TR 2.177.020).
O Yoga é difícil para aquele cuja mente
não é controlada. De qualquer modo, o yoga é atingido pela pessoa com a mente
controlada, que se esforça por seus próprios meios
((6.36).
O DESTINO DE UM YOGI
FRACASSADO
Arjuna disse: qual é o destino do fiel que se
desvia do caminho da meditação e da fé, necessário para alcançar a perfeição
yóguica, devido a uma mente desenfreada, Ó Krishna? (6.37)
Eles não perecem como uma nuvem que se dissipa,
Ó Krishna, perdendo-se tanto nos prazeres mundanos como do paraíso, privando-se
do apoio, e afastando-se do caminho da auto-realização?
(6.38).
Ó Krishna, somente Você está apto para dissipar
por completo esta minha dúvida, porque não há outro como Você que possa dissipar
semelhante dúvida (6.39). Veja, também, 15.15.
Arjuna fez uma boa pergunta. Porque a mente é
muito difícil de ser controlada, e talvez não seja possível adquirir a perfeição
durante o tempo de uma vida. Todo o esforço é desperdiçado? A resposta segue:
O Senhor Krishna disse: a prática espiritual
realizada por um yogi nunca é
desperdiçada, nem aqui ou no futuro. Um transcendentalista nunca é colocado para
sofrer, Meu querido amigo (6.40).
O yogi sem sucesso nasce na casa de uma
pessoa piedosa e próspera, após ter vivido por muitos anos nos planetas
celestes. O yogi que muito fracassou
muito não vai aos planetas celestiais, mas nasce numa família espiritualmente
avançada. Um nascimento como este, realmente, é muito difícil de ser obtido
neste mundo (6.41-42).
O yogi mal sucedido recupera o
conhecimento adquirido numa vida anterior e novamente se esforça em adquirir a
perfeição, Ó Arjuna (6.43).
O
yogi fracassado é naturalmente levado
em direção a Deus, pela virtude das impressões das práticas yóguicas das vidas
anteriores. Mesmo o perguntar sobre yoga – união com Deus – sobrepuja aos
que realizam rituais védicos (6.44).
O yogi, que diligentemente se esforça,
torna-se completamente livre de todas as imperfeições, após tornar-se
gradualmente perfeito, através de muitas reincarnações, alcançando a Morada
Suprema (6.45).
Deve-se ser muito cuidadoso na vida espiritual;
há a possibilidade de sermos fascinados pelo poderoso sopro das más associações
criadas por Maya, e talvez se abandone o caminho espiritual. Jamais devemos
desencorajar-nos. O yogi fracassado recebe outra chance para começar novamente
onde ele parou. A jornada espiritual é longa e lenta, mas nenhum esforço sincero
será desperdiçado. Normalmente pega-se muitos, muitos nascimentos, para alcançar
a perfeição da salvação. Todas as entidades vivas (almas) são eventualmente
redimidas após elas alcançarem o zênite da evolução espiritual.
QUEM É O MELHOR
YOGI
O yogi é superior ao asceta. O yogi é superior ao acadêmico védico. O
yogi é superior aos ritualistas.
Portanto, ó Arjuna, seja um yogi.
(6.46).
E
Eu considero o yogi-devoto – que de
todo o coração Me contempla com fé suprema, e cuja a mente está sempre absorta
em Mim – como sendo o melhor de todos os yogis (6.47). Veja,
também, 12.02 e 18.66).
A meditação ou qualquer outra ação torna-se
mais poderosa e eficiente se é feita com conhecimento, fé e devoção a Deus.
Meditação é uma condição necessária mas não uma condição suficiente para o
progresso espiritual. A mente deve estar sempre absorta em pensamentos de Deus.
O temperamento meditativo é para ser contínuo durante outras vezes, através do
estudo das escrituras, auto-análise, e serviço. Diz-se que não há um único yoga
completo, sem a presença de outros yogas. Do modo como a correta combinação de
todos os ingredientes é essencial para preparar uma boa refeição, de modo
semelhante, o serviço sem egoísmo, cantando os Santos Nomes do Senhor, a
meditação, o estudo das escrituras, a contemplação, e o amor devocional são
essenciais para alcançar a meta suprema. Alguns buscadores preferem apenas
fixar-se num só caminho. Eles tentam todos outros maiores caminhos e vêem se uma
combinação é melhor para eles ou não. Qualquer caminho pode tornar-se o caminho
certo se nos rendermos completamente a Deus. A pessoa que metida com profundo
amor devocional a Deus é chamado de yogi-devoto, e é considerado o melhor de
todos os yogis.
Antes de alguém purificar a sua
psique por um mantra ou meditação deverá alcançar o nível, segundo o qual, o
sistema da consciência torna-se sensível a um mantra. Isto significa que os
desejos mundanos deverão ser primeiro eliminados – ou satisfeitos – pelo
desapego, devendo-se praticar os primeiros quatro passos dos Yogasutras de
Patañjali. Isto é como lapidar uma jóia, antes de colocar-lhe ouro.
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