CAMINHO
DA DEVOÇÃO
DEVE-SE ADORAR A UM DEUS
PESSOAL OU IMPESSOAL?
Arjuna
perguntou: “Quais destes é o melhor conhecimento do Yoga: daqueles que sempre
devotam e que adoram o Seu aspecto pessoal, ou daqueles que adoram o Seu aspecto
impessoal, o Absoluto sem forma?” (12.01)
O
Senhor Krishna explicou a superioridade do caminho do conhecimento espiritual no
quarto capítulo 4.33 e 4.34). Ele explicou a importância de adorar a Supremo
“sem-forma” (ou o Ser) nos versos 5.24-25; 6.24-28, e 8.11-13. Ele também
enfatizou a adoração de Deus com forma, ou Krishna, em 7.16-18; 9.34, e
11.54-55. É de modo natural para Arjuna questionar qual caminho é o melhor para
a maioria das pessoas em geral.
O
Senhor Krishna disse: “Eu considero o melhor dos Yogis aquele que é sempre
constante e devotado, que Me adora com suprema fé, por fixar a sua mente em Mim
como seu Deus Pessoal. (12.02) (veja,
também, 6.47)
A devoção é definida como o mais
elevado amor por Deus (SBS 02). A verdadeira devoção é desmotivada, e de intenso
amor por Deus para alcançá-lO (NBS 020). A real
devoção é observar a graça de Deus e servir com amor para o Seu prazer. Assim,
devoção é cada um fazer as suas obrigações como uma oferenda ao Senhor, com amor
por Deus no coração. Diz-se,
também, que devoção é concedida pela graça de Deus. Uma relação amorosa com Deus
é facilmente desenvolvida através de um Deus personificado.* Os fiéis seguidores do caminho da devoção,
para Deus personalizado, numa forma humana, considerados os melhores, são como:
Rama, Krishna, Moisés, Buddha, Cristo e Maomé. A Bíblia diz: “Eu Sou o caminho;
ninguém vai ao Pai a não ser por Mim (João, 14.06). Alguns santos consideram a
devoção como o autoconhecimento o mais superior (SBS 05).
Toda a prática espiritual é imprestável na
ausência de devoção, o profundo amor por Deus. A pérola do autoconhecimento
nasce somente do núcleo da fé e da devoção. O Santo Ramanuja disse que aqueles
que adoram O manifesto alcançam a sua meta em pouco tempo e sem dificuldades.
Amar a Deus e a todas as Suas criaturas é a essência de todas as religiões.
Jesus, também, disse: “Amarás teu Deus com todo o teu coração, com toda a tua
alma, e com toda a tua mente...; e amais a todos como a ti mesmo (Mateus,
22.37-39)
Também Me alcança quem devota o imutável, o
inexplicável, o invisível, o onipotente, o inconcebível, o imóvel, o sem forma –
Meu aspecto impessoal – controlando todos os sentidos, mesmo em meio a todas as
circunstâncias, e se ocupam no bem-estar de todas as criaturas.
(12.03-04)
Uma pessoa é que competente para adorar o
aspecto sem forma de Deus deve ter um completo domínio sobre os sentidos, sendo
tranqüilo em todas as circunstâncias, e ocupando-se no bem-estar de todas as
criaturas. O caminho do “personalismo” permite a alguém o contentamento do nome,
forma e passatempos do Senhor como eles se sucederam quando Ele manifestou-SE na
Terra. O caminho do “impersonalismo”é seco, cheio de dificuldades, e o avanço
neste caminho é muito lento, como discutido nos versos seguintes:
RAZÕES PARA ADORAR A FORMA
PESSOAL DE DEUS
A
auto-realização é mais difícil para aqueles que fixam a sua mente no impessoal,
imanifesto e no Absoluto sem forma, porque a compreensão nesta forma imanifesta,
pelos seres incorporados, é alcançada com grande dificuldade.
(12.05)
Deve-se ser livre dos sentimentos do corpo e
estabelecer-se no sentimento apenas na existência do Ser, se alguém quer ter
sucesso na adoração Absoluta sem-forma. Torna-se livre da concepção corpórea da
vida, estando-se plenamente purificado, e atuando somente para o Senhor Supremo.
O alcance de tal estágio não é possível para a média dos seres humanos, mas
somente para almas muito avançadas. Portanto, o natural curso para o adorador
normal é adorar a Deus com uma forma. Mas o método de adoração depende do
indivíduo. Deve-se procurar qual o método que melhor se-nos adapta. É totalmente
estéril convidar a uma criança para adorar um Deus sem forma, enquanto que um
sábio vê Deus em todas as formas e não precisa de uma estátua ou mesmo de uma
pintura de Deus para adorar.
O amor contemplativo e a adoração à deidade, de
um Deus personificado, é o primeiro passo necessário para a realização do
Absoluto impessoal. Diz-se, também, que a devoção para o aspecto pessoal de Deus
conduz para o aspecto transcendental. Deus não é somente um “suprimento
cósmico”, um ser todo-poderoso, mas o verdadeiro Ser em todos os seres. A
adoração a Deus na Sua forma pessoal, na forma pessoal da deidade favorita de
alguém, estimula o amor divino que desperta a autoconsciência e a experiência de
unidade do devido curso do tempo. Deus, o transcendente, revela-SE naquela
psique interna pura, após a contemplação amorosa de Deus, o imanente.
Não há uma diferença real entre os dois caminhos – o caminho da devoção
para um Deus pessoal e o caminho do autoconhecimento de Deus impessoal – na sua
mais elevada extensão. No elevado estágio de realização eles fundem-se e se
tornam um só. Os sábios consideram o caminho da devoção mais fácil para a
maioria das pessoas, particularmente para os principiantes. De acordo com
Tulasidasa, o caminho do autoconhecimento é difícil de ser compreendido,
explicado e seguido, É, também, muito fácil cair do caminho do conhecimento ou
retrair-se para o plano do amor sensual da consciência (TR 7.118.00). Nos
próximos dois versos, o Senhor dirá que o caminho da devoção não é somente
fácil, mas também que é o caminho mais rápido do que o caminho do
conhecimento.
O pessoal e o impessoal, a forma física ou
transcendental, são os dois lados da moeda da realidade última. Ramakrishna
disse: “A imagem de adoração é necessária no começo, mas não mais tarde, assim
como um andaime é necessário durante a construção de um prédio”. A pessoa deve, primeiro, fixar os pensamentos
e a mente na forma pessoal de Deus, após isto, fixar-se na forma transcendental.
“A mais elevada liberação é possível somente pela realização de que Deus é igual
em todos os seres” (BS 4.3.15; ShU 3.07) e advinda somente através da maturidade
da devoção para Deus personalizado e Sua graça. Esta realização é o segundo (ou
espiritual) nascimento, ou a segundo vinda de Cristo. Jesus disse: “O reino do
Pai espalha-se por sobre aTerra, e as pessoas não vêem”. Outros grandes sábios
dizem: “É como um peixe na água ficar com sede, e procurar por água”.
De acordo com as escrituras antigas, qualquer
prática espiritual tornar-se mais poderosa se é feita com conhecimento, fé e
contemplação, por uma deidade personificada (ChU 1.01.10). A prática ascética,
oração, caridade, penitência, realização de sacrifício, promessa e outras
observâncias religiosas, caem por terra,
na mesma proporção do degrau desprovido de fé. O imã da devoção atrai facilmente
o Senhor (TR 6.117.00)
Mas para aqueles que Me adoram com inabalável
devoção como Seu Deus Peersonificado, em quem os pensamentos estão postos na
Minha forma pessoal, e que oferecem todas as ações para Mim, os objetivos para
Mim com o Supremo, e meditam em Mim – Eu ligeiro Me torno redentor deles, do
mundo que é um oceano de mortes e reencarnações, Ó Arjuna.
(12.06-07)
Cruza-se facilmente o oceano da reencarnação
através da ajuda do barco inabalável do amor e da devoção por um Deus pessoal
com forma (TR 7.122.000). Os seguintes versos explicam quatro diferentes métodos
para adorar a Deus, com ou sem a ajuda de uma forma de Deus ou
deidade.
QUATRO CAMINHOS PARA
DEUS
As pessoas nascem diferentes. Qualquer um que
prescreve um só método para todos está, certamente, iludindo, porque não há uma
panacéia. Um só método ou sistema não pode adequar-se as necessidades
espirituais de todos. O Hinduísmo, com seus muitos ramos e sub-ramos, oferece
uma amplitude de escolhas de práticas espirituais para adaptar-se as pessoas em
qualquer estágio de desenvolvimento pessoal. Todos os caminhos conduzem a
salvação, porque eles todos culminam em devoção: intenso amor por Deus.
Portanto,
focalize a sua mente em Mim e deixe a sua inteligência residir apenas em Mim,
através da meditação e da contemplação. Desde então, você certamente Me
alcançará. (12.08)
Este é o caminho para a meditação (veja o
capítulo 6 para mais detalhes) para a mente contemplativa. Pensar sobre uma
forma escolhida de Deus, o tempo todo, é diferente de adorar a forma, mas ambas
as práticas possuem as mesmas qualidades e efeitos. Em outras palavras,
contemplação é também uma forma de adoração.
Se você é incapaz de focalizar firmemente a sua
mente em Mim poderá alcançar-Me por longa prática de qualquer outra disciplina
espiritual, assim como um ritual, ou adoração de deidade que você escolher.
(12.09)
Este é o caminho do ritual, oração, e adoração
devocional, recomendado para pessoas que são emocionais, e possuem muita fé, mas
pouca tendência para o raciocínio (Veja,
também, 9.32). Constantemente contemple e concentre a sua mente em Deus, usando
símbolos ou gravuras mentais de uma forma pessoal de Deus como uma ajuda no
desenvolvimento da devoção.
Mesmo se você for inapto para qualquer
disciplina espiritual, então dedique todo o teu trabalho para Mim, ou faça todas
as obrigações para Mim. Você alcançará a perfeição por fazer as suas obrigações
prescritas para Mim – sem qualquer motivo egoísta – da mesma forma que um
instrumento, para servir e agradar-Me. (12.10)
Este
é o caminho para o conhecimento transcendental ou renunciação, adquirido através
da contemplação, e dos estudos das escrituras, por pessoas que realizaram a
verdade, de que nós somos somente instrumentos divinos (Veja, também, 9.27,
18.46). O Senhor, em Si mesmo, guia cada esforço da pessoa que trabalha para o
bem da humanidade, e o sucesso chega para a pessoa que dedica sua vida para
servir a Deus.
Se você for incapaz de dedicar o seu trabalho
para Mim, então simplesmente renda-se a Minha vontade, e renuncie aos apegos, e
a inquietação, para os frutos de todo o trabalho, através do aprendizado em
aceitar todos os resultados, com equanimidade, como um graça de Deus.
(12.11)
Este é o caminho do Karmayoga, o serviço
desapegado para a humanidade, discutido no capítulo 3, para o chefe de família
que não pode renunciar as atividades do mundo e trabalha o tempo todo para Deus,
assim como é discutido no verso 12.10, acima. A principal verdade dos versos
12.08-11 é que deve-se estabelecer algum relacionamento com o Senhor – assim
como um criador, pai, mãe, amado, criança, salvador, guru, mestre, ajudante,
convidado, amigo e mesmo um inimigo.
Karmayoga, ou renúncia ao apego egoísta aos
frutos do trabalho, não é um método de última instância – como possivelmente
aparece no verso 12.11. Ele é explicado no verso seguinte:
KARMA-YOGA É O MELHOR
COMEÇO
O
conhecimento transcendental das escrituras é melhor do que a mera prática
ritualística; a meditação é melhor do que o conhecimento das escrituras; a
renúncia ao apego egoísta aos frutos do trabalho (Karmayoga), é melhor que
meditação; porque a paz advém imediatamente pela renúncia das causas egoístas.
(12.12) (veja
mais sobre renúncia em 18.02, e 18.09)
Quando cresce em alguém o conhecimento de Deus,
todo o Karma é gradualmente eliminado, porque aquele que situa-se no
conhecimento sabe que não é o fazedor, mas um instrumento de trabalho para o
prazer do criador. Tal uma ação em consciência de Deus torna-se devoção – livre
de qualquer obrigação kármica.Desta forma, não há uma rígida demarcação entre os
caminhos do serviço sem egoísmo, o conhecimento espiritual e a devoção.
OS ATRIBUTOS DE UM
DEVOTO
Aquele que não odeia nenhuma criatura, que é
amigável e misericordioso, livre da idéia de “eu” e “meu”, sendo o mesmo na dor
e no prazer, perdoando, e que está sempre contente, que há subjugado a mente, e
cuja resolução está firme, cuja mente e inteligência estão ocupadas em juntar-se
a Mim, e que é muito devotado a Mim, Me é muito querido. (12.13-14)
Para alcançar a união com Deus deve-se possuir
a perfeita dignidade como Ele, através do cultivo das virtudes morais. A Bíblia,
também, diz: “Sede perfeitos em vós mesmos, assim como vosso Pai é perfeito no
céu (Mateus 5.48). o Santo Tulasidasa disse: “Ó Senhor, que cada um em quem Você
banhe com Sua generosidade torne-se um oceano de perfeição. O monstruoso pelotão
da luxúria, ira, avareza, paixão cega, e orgulho, assombram a mente enquanto o
Senhor não permanece no interior da psique. Virtude e disciplina são os dois
meios certos de devoção. Uma lista de quarenta (40) virtudes e valores são dados
nos versos 12.13 e 12.19, pela descrição das qualidades de um devoto ideal, ou
uma pessoa auto-realizada. Todas estas nobres qualidades tornam-se manifestas
num devoto.
Aquele que é muito querido por Mim não agita os
outros e não é agitado por eles, que é livre do prazer, inveja, medo, e
ansiedade, também é muito querido por Mim (12.15)
Aquele que é desapegado, puro, sábio,
imparcial, e livre da ansiedade, que há renunciado a adoração do fazer em todas
as obrigações, semelhante a um devoto, é querido para Mim.
(12.16)
Aquele
que nunca se regozija e nem sente pesar, nem na satisfação ou no desgosto, que
há renunciado o bem e o mal, e está pleno de devoção, também é querido por Mim.
(12.17)
Aquele que é o mesmo em relação aos amigos ou
inimigos, na honra ou na desgraça, no calor e no frio, no prazer e na dor; que
está livre do apego; que é indiferente na crítica ou no louvor; que é quieto, e
contente com o que possui; que é despegado em relação a lugar, país, ou ao lar;
que está tranqüilo, e pleno de devoção, tal pessoa é querida por Mim. (12.18-19)
Diz-se que os controladores divinos, com suas
qualidades exaltadas, como o conhecimento de Deus, sabedoria, renúncia,
desapego, e equanimidade, sempre residem no interior da psique de um devoto
puro. Assim, o devoto perfeito que renuncia a atração pelo mundo e seus objetos
e tem amor por Deus é recompensado pelo Senhor, com as divinas qualidades
discutidas acima, e em outros lugares do Bhagavad-Gita, e são muito queridos
pelo Senhor. Mas e aqueles que são imperfeitos, mas tentam sinceramente para a
perfeição? A resposta vem no próximo verso.
AQUELE QUE SINCERAMENTE ASPIRA
PELAS QUALIDADES DIVINAS
Mas aqueles devotos fiéis, que colocam-Me como
a meta suprema, e a seguem, ou verdadeiramente
aspiram o desenvolvimento – do néctar mencionado acima dos (quarenta) valores
morais - são muito
queridos por Mim.
(12.20)
Alguém, talvez, tenha todas as virtudes, mas um
esforço sincero para o desenvolvimento das virtudes é mais apreciado pelo
Senhor. Assim, o indivíduo que aspira as virtudes é muito querido pelo Senhor.
Os devotos da classe superior não desejam qualquer coisa, incluindo salvação
pelo Senhor, exceto por uma bênção: A
devoção aos pés de lótus de um Deus personificado, nascimento após nascimento
(TR 2.204.00). A classe inferior de devotos usa Deus como um servo para realizar
suas exigências materiais e desejos pessoais. O desenvolvimento de amor e
devoção inabaláveis aos pés de lótus do Senhor é o alvo final de toda a
disciplina espiritual, e é um feito meritoso, como o objetivo do nascimento
humano. Um verdadeiro devoto considera a si mesmo um servo, o Senhor o Mestre,
e, a criação inteira, seu corpo.
O caminho da devoção é o melhor caminho para a
maioria das pessoas, mas Devoção não se desenvolve sem uma combinação de esforço
pessoal, fé, e a graça de Deus. As nove técnicas para cultivar a devoção – um
intenso amor por Deus como um Ser personificado – baseado no Tulasi Ramayana
(Tr. 3.34.04 – 4.35.03), são: (1) A companhia de um santo e sábio; (2) escutar e
ler as glórias e histórias as incarnações do Senhor e Sua atividades da criação,
preservação e dissolução, como é dado nas escrituras religiosas; (3) Seva, ou
servir a Deus através do serviço aos necessitados, aos santos e a sociedade; (4)
canto congregacional e o murmurar das glórias de Deus; (5) repetir os nomes do
Senhor e o mantra com fé firme; (6) disciplina, controle sobre os seis sentidos,
e desapego; (7) ver seu Deus personificado em todas os lugares e em todos; (8)
contentamento e ausência de ambição, bem como abster-se de comentar as falhas
dos outros, e (9) simplicidade, ausência de ira, inveja, e ódio. A melhor coisa
que uma pessoa precisa desenvolver é o amor por Deus. O Senhor Rama disse que
aquele que segue qualquer um dos métodos citados acima com fé desenvolve amor
por Deus, e torna-se um devoto.
A boa companhia dos santos e sábios é uma
ferramenta muito poderosa para a realização em Deus. É dito que amizade,
discussões, relacionamentos, e casamento devem ser realizados com igualdade, ou
com aqueles que são melhores do que nós, e não com um nível de inteligência
inferior (MB 5.13.117). Uma pessoa é conhecida pela companhia que ela tem. De
acordo com a maioria dos sábios e santos, o caminho da devoção é muito simples e
fácil de ser executado. Pode-se simplesmente cantar um mantra pessoal, ou
qualquer nome sagrado de Deus. Não há restrições e nem tempo certo, ou lugar,
para cantar os Santos Nomes de Deus. O processo de serviço devocional consiste
em um ou mais das seguintes práticas: ouvir discursos [sobre Deus]; cantar os
Santos Nomes de Deus; lembrar e contemplar a Deus; adorá-lO; rezar para Ele;
servir a Deus e a humanidade, e render-se as Sua vontades.
A inter-conexão dos quatro caminhos do yoga,
discutidas nos primeiros doze capítulos do Bhagavad-Gita, podem ser sumarizados
como o seguinte:
A prática do Karmayoga conduz para a
purificação da mancha do egoísmo da mente, que pavimenta o caminho para o
conhecimento de Deus, para ser revelado.
O conhecimento desenvolve-se dentro do amor devocional de Deus. O pensar
constantemente em Deus, o objeto de nosso amor devido a devoção, é chamado de
meditação e contemplação, que finalmente conduz para a iluminação e
salvação.
HÁ SOMENTE UM CAMINHO CERTO
PARA DEUS?
O Senhor Krishna falou-nos sobre ambos Seus
aspectos: manifesto e imanifesto, em capítulos anteriores. Os questionamentos de
Arjuna foram respondidos em grandes detalhes neste capítulo, mas as pessoas
ainda argumentam que um método de adoração ou certas práticas religiosas são
melhores do que outras. Semelhantes pessoas somente entendem “meia verdade”. Em
nossa opinião, é absolutamente claro que o método de adoração depende da
natureza individual. A pessoa ou o guru pessoal devem descobrir qual o caminho
será mais adequado para o indivíduo, dependendo do temperamento da pessoa.
Forçar ele ou ela ao método particular de adoração é um grande dano que um guru
pode fazer para seus discípulos. As pessoas introvertidas devem adorar um Deus
personificado; enquanto que a extrovertidas devem contemplar o aspecto
impessoal. A coisa importante é o desenvolvimento da fé e do amor por Deus. Deus
é poderoso para manifestar-Se diante um devoto em qualquer forma, apesar dos
devotos escolherem formas de adoração.
O que funciona para um,
talvez não funcione para todos, então, o que faz alguém pensar que seu método é
universal? Não haveria a necessidade para o Senhor discutir os diferentes
caminhos do Yoga, se houvesse um só caminho para todos. Se a escolha do caminho
da disciplina espiritual não dá a paz a alguém, ou a realização em Deus, então
deve ser entendido que não se está praticando corretamente, ou o caminho não
está certo para o indivíduo. Deve-se ter em mente que uma gota d´água, não sendo
importante que caminho seguirá, irá finalmente alcançar o oceano.
* Nota do
tradutor: Na tradição védica, o
ato de adorar um Deus impessoal, como uma força, uma energia, ou algo desta
natureza, é muito difícil de desenvolver amor puro por Deus. O fato de o devoto
adotar um Deus personificado, como Krishna, por exemplo, facilita o
desenvolvimento de amor por Deus, uma vez que Ele é retratado e visto como uma
Pessoa Suprema, com nome, forma, passatempos de características próprias de cada
era. Shri Krishna é um avatara do Senhor
Vishnu, chamado de purna-avatara, porque possui todas as qualidades e
potências do Senhor Supremo; porque Krishna é o Senhor supremo em pessoa.
Traduzimos, neste verso, a expressão “a personal God”, como “Deus
personificado”, para diferenciar de um “deus pessoal”, ou de um deus segundo a
concepção de cada um. Os esclarecimentos sobre as formas de Deus, que cada um
deve adotar, é descrito no comentário restante do
verso.
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