O
SER SUPREMO
A CRIAÇÃO É COMO UM ÁRVORE,
CRIADA PELOS PODERES DE MAYA
O Senhor Krishna disse: O universo (ou o corpo
humano) pode ser comparado com uma árvore eterna, que tem a sua origem (raízes)
no Ser Supremo, e cujos seus galhos descem do cosmos. Os hinos védicos são as
folhas desta árvore. Aquele que entende esta árvore é o conhecedor dos Vedas
(15.010).
Os ramos desta árvore eterna espalham-se por
todo o cosmos. A árvore é alimentada pela energia na natureza material; os
sentidos de prazer são seus brotos; e suas raízes são o ego, e os desejos que se
estendem ao mundo humano causam o cativeiro kármico (15.02).
O corpo humano, um universo
microcósmico (ou o mundo), pode ser comparado como uma pequenina árvore sem fim.
O karma é a semente; os incontáveis desejos são suas raízes; os cinco elementos
básicos são seus galhos principais; e os dez órgãos da ação e da percepção são
seus sub-ramos. Os três modos da natureza material provêm o alimento, e os
prazeres dos sentidos são os brotos. Esta árvore está sempre mudando, mas é
eterna, sem começo e nem fim. Assim como as folhas protegem a árvore, os rituais
protegem e perpetuam está árvore. Aquele que verdadeiramente compreende esta
árvore maravilhoso, sua origem (ou raiz), sua natureza e trabalho, é o
conhecedor dos Vedas no sentido verdadeiro.
Dois aspectos do Ser Eterno – o
divino controlador e o controlado (a entidade viva, ou alma individual) – fazem
seus ninhos e residem na mesma árvore, como uma parte do drama cósmico; virtude
e vício são suas flores gloriosas; prazer e dor são seus amargos e doces frutos.
As entidades vivas são como maravilhosos pássaros de várias plumagens. Não há
dois pássaros idênticos. A criação é em si maravilhosa. E o Criador é mais
maravilhoso e inconcebível.
COMO CORTAR A ÁRVORE DO APEGO,
E ALCANÇAR A SALVAÇÃO, PEGANDO REFÚGIO EM DEUS.
O começo, o fim, ou a forma real desta árvore,
não são perceptíveis na Terra. Tendo cortado as raízes firmes – os desejos –
desta árvore por meio do machado do auto conhecimento e desapego, vermos a
Morada Suprema, alcançando-se o local de onde nunca mais se volta a este mundo
mortal novamente. Deve-se sempre pensar: “Nesta
completa pessoa primordial eu alcanço refúgio, do qual esta primordial
manifestação sai” (15.03-04).
A criação é cíclica, sem começo e
fim. Ela está sempre mudando e não tem existência ou forma real. Deve-se afiar o
machado do conhecimento metafísico por sobre a pedra da prática espiritual,
cortando o sentimento de separação entre a entidade viva e o Senhor,
participando alegremente do drama da vida, deixando-se para trás as sombras do
passado, dos prazeres e das tristezas. E vivendo neste mundo de forma
completamente livre do ego e dos desejos. Quando os apegos são afastados, um
atitude desapaixonada toma lugar, á qual é um pré-requisito para o progresso
espiritual.
O
sábio alcança a meta eterna, estando livre do orgulho e da ilusão, e
conquistando o mal do apego; residindo constantemente no Ser Supremo, tendo toda
a luxúria calada, e estando livre das dualidades do prazer e da dor
(15.05).
Esta Minha Suprema morada não é iluminada pelo
sol, nem pela lua, nem pelo fogo. Tendo A alcançado, as pessoas adquirem a
liberação permanente (mukti), e não voltam para este mundo temporário (15.06).
O Ser Supremo é em Si mesmo
luminoso, não sendo iluminado por qualquer outra origem. Ele ilumina o sol e a
lua, como uma lâmpada luminosa ilumina os outros objetos (DB 7.32.14). O Ser
Supremo existe antes que o sol e a lua; e o fogo chega dentro da existência
durante a criação, e irá existir mesmo após tudo dissolver-se dentro na natureza
imanifesta, durante a completa dissolução.
A ALMA INCORPORADA É O
DESFRUTADOR
A
alma individual (jiva, jivatma) no corpo das entidades vivas é parte integral do
Espírito universal, ou consciência. A alma individual, associa-se com as seis
sensórias faculdades de percepção – incluindo
a mente – e as ativam (15.07).
Em essência, o Espírito é chamado o
Ser Eterno, ou “Brahman”, em sânscrito. O Espírito é a verdadeira natureza do
Ser Supremo (ParaBrahm), e, portanto, é também chamado a parte integral do Ser
Supremo. O mesmo espírito é chamado alma individual, entidade viva, Jiva, alma,
e Jivatma, nos corpos das entidades vivas. As diferenças entre Espírito, e a
alma individual, são devidas às
limitações adjuntas – o corpo e a mente – assim como a ilusão, que engloba todo
o espaço, é diferente do espaço ilimitado.
Assim
como o ar carrega o aroma das flores, similarmente, a alma individual carrega as
seis faculdades dos sentidos do corpo físico, que são descartadas durante a
morte, para um novo corpo adquirido na reencarnação (veja, também, 2.13)
(15.08).
A alma individual recebe um corpo
sutil – as seis faculdades sensoriais da percepção: intelecto ou ego, e as cinco
forças vitais – de um corpo físico para outro após a morte, assim como o vento
tira a poeira de um lugar para outro. O vento não é afetado nem atingido pela
associação como a poeira, do mesmo modo que a alma individual não é afetada ou
atingida pela associação com o corpo (MB 12.211.13-14). O corpo físico está
limitado no espaço e no tempo, mas os corpos sutis são ilimitados e a tudo
penetram. O corpo sutil carrega os bons e maus karmas individuais para uma
próxima vida, até que seja totalmente exaurido. Quando todos os resquícios de
desejos são erradicados após o despertar do auto-conhecimento, o corpo físico
não volta a existir mais, e a compreensão do corpo sutil firma-se por sobre a
mente. O corpo astral é uma duplicata exata do corpo físico. Os seres no mundo
astral são mais avançados na arte, tecnologia e cultura. Eles pegam um corpo
físico para aprimorar-se e elevar a categoria do mundo físico. Hariharananda
Giri disse: “Não se pode perceber, conceber, e realizar Deus se não procurarmos
o invisível corpo sutil.
Durante o estado de vigília, o corpo
físico, a mente, o intelecto, e o ego, estão ativos. Durante o sono, a alma
individual temporariamente cria um mundo de sonho, e vaga como num corpo de
sonho, sem deixar o corpo físico. No sono profundo. A alma individual descansa
inteiramente no Ser Eterno (Espírito), sem ser perturbada pela mente e pelo
intelecto. O Ser Supremo, a Consciência Universal, toma conta de nós como uma
testemunha durante os três estágios – vigília, sonho e sono profundo. A entidade
viva deixa um corpo físico e adquire outro corpo após a morte. A entidade viva
amarra-se ou sofre, então, tenta libertar-se pela descoberta da sua real
natureza. A reencarnação permite que a entidade viva troque seu veículo, o corpo
físico, durante a sua longa e difícil jornada ao Ser Supremo. A alma individual
adquire diferentes corpos físicos até que todo o Karma seja extinto; após o que,
a meta de alcançar o Ser Supremo, é alcançada.
Diz-se que o Ser Supremo veste o véu
da ilusão, quando se torna uma alma individual, pegando a forma humana e outras
para realizar o drama cósmico, do qual o escritor, produtor, diretor e todos os
atores, bem como a audiência, são os mesmos. O Senhor realizar, brinca e se
diverte com a Sua própria criação. Nossos problemas desaparecem se nós
mantivermos a mente que nós somos apenas participantes desta brincadeira e nuca
levarmos as coisas para a esfera pessoal. Para fazer vistas a ordem cósmica, nós
devemos deslocar nossa mente para o jogo. A ciência trata com o jogo cósmico; a
espiritualidade trata com o Jogador cósmico, com um entendimento particular pelo
jogador.
A entidade viva diverte-se com os prazeres
usando as seis faculdades dos sentidos, ouvindo, tocando, vendo, saboreando,
cheirando e com a mente. O ignorante não pode perceber a partida da entidade
viva do corpo físico, nem sua permanência no corpo, e diverte-se com os prazeres
dos sentidos pela associação com o corpo material. Mas aqueles que possuem seus
olhos no Auto-conhecimento, podem ver isto (15.09-10).
Os sentidos comum perdem seu sabor
pelo desfruto material quando eles desenvolvem o bom gosto pelo néctar da
bem-aventurança espiritual. A obtenção da bem-aventurança espiritual é a
verdadeira realização daquele que deseja a gratificação dos sentidos. Uma alma
purificada irá se abster de fazer coisas erradas que surgem de alguma coisa
residual dos desejos dos prazeres sensuais sutis.
Os yogis, aspirando por perfeição, contemplam a
entidade viva permanente em suas consciências internas, mas, o ignorante, cuja a
psique interna não é pura, embora se esforçando, não podem Me perceber
(15.11).
O ESPIRITO É A ESSÊNCIA DE
TUDO
Saiba que a energia luminosa do Sol que ilumina
o mundo todo, e a da Lua, bem como a do fogo, vem de Mim (veja, também, 13.17 e
15.06) (15.12)
A luz do sol e um reflexo da Sua
radiação (RV 10.07.030). Os conhecedores do Ser Supremo visualizam-nO por toda a
parte – em si mesmos, em todos os seres humanos, e em todo o universo – como o
grupo supremo de luzes, o qual tem sua origem no mundo visível, e o qual brilha
como a luz do dia que a tudo penetra (ChU 3.17.07). O mundo e seus objetos são
apenas fotos feitas das sombras e luzes, espalhados por sobre a tela do filme
cósmico (Yogananda). O Corão diz: “Allah é a luz dos céus e da Terra (Surah
24;35).
A sagrada luz eterna tem a forma de
um gigantesco brilho, de um feixe de luzes de energia brilhante. Ela é a luz do
Ser Supremo, que está na luz perene, e que todos os corpos luminosos das
galáxias, assim como o sol, a luz, e as estrelas, possuem. Ela é a Sua luz que
está na madeira, lâmpadas, velas, e a energia em todas as entidades vivas. Sua
luz está por detrás de todas as luzes e é a origem de toda a energia no
universo. Sem o pode do Ser Supremo, o fogo é incapaz de queimar uma palha de
grama. Esta luz do Ser Supremo não pode ser concretizada e entendida a menos que
se tenha a mente completamente tranqüila e fortalecida, purificado o intelecto,
e desenvolvido o poder da vontade e da visualização. Devemos, também, ser fortes para não nos abalarmos mentalmente
quando se experenciar a luz de todas as luzes no transe.
Assim como o espectro completo da
luz do sol não é visível para o olho humano sem um prisma, de modo semelhante,
não podemos ver a luz do Ser Supremo sem a graça de Deus, e os escritos das
escrituras. Os yogis que tem sintonizado suas consciência com a consciência
suprema podem ver a luz eterna no transe (meditação). O universo inteiro é
sustentado pela energia do Ser Supremo, e reflete a Sua glória.
Penetrando na Terra, Eu suporto todos os seres
com Minha energia. Transformando a energia vital da lua, Eu alimento todas as
plantas (15.13).
Transformando o fogo digestivo, Eu mantenho o
corpo de todas os seres vivos. Unindo com o sopro vital, ou bioimpulsos, Eu
digiro todo o tipo de alimento (15.14).
E
Eu estou sentado na psique interior de todos os seres. Memória,
auto-conhecimento, remoção das dúvidas, e das falsas noções sobre Deus, vêm de
Mim. Eu sou, na verdade, o que é para ser conhecido pelo estudo de todos os
Vedas. Eu sou, realmente, o autor bem como o estudante dos Vedas (Veja, também,
6.39) (15.15).
O Ser Supremo é a origem de todas as
escrituras (BS 1.01.03). O Senhor mora na psique interior (ou o coração causal),
como consciência em todos os seres – não no coração físico do corpo, como
comumente é mal entendido.
O QUE É O ESPÍRITO SUPREMO,
ESPIRITO E A ALMA INDIVIDUAL?
Há duas entidades no cosmos: os temporais e
mutáveis seres, e o eterno e imutável Ser Eterno (Espírito). Todas as criaturas
criadas estão sujeitas a mudanças, mas o Espírito não muda (15.16).
Dois aspectos da manifestação divina
– seres temporais e o Ser Eterno (Espírito) – são descritos aqui. A criação
inteira – incluindo o Senhor Brahmaa (a força criativa), todos os controladores
celestes, as quatorze esferas planetárias, são abatidos como uma folha de grama
– sendo expansões dos seres temporários. O Espírito é a Consciência, a causa de
todas as causas, do qual todos os seres temporários, natureza material, e o
imenso cosmos, surgem, e por Ele são sustentados, e dentro do qual eles voltam a
dissolver-se sempre. Os seres temporários e o Espírito são chamados de criação e
Criador nos versos 13.01-020, e de ventre e semente dada pelo Pai nos versos
14.03-04. O Ser Supremo é tanto os seres temporários como o Espírito eterno, e é
chamado de Realidade Absoluta, nas escrituras e nos seguintes
versos:
O Ser Supremo é tanto os seres temporários como
Ser Eterno. Ele é também chamado de Realidade Absoltua, que sustenta tanto o que
é temporário como o Eterno que a tudo penetra (15.17).
Porque
Eu, o Ser Supremo, sou tanto o temporário como o eterno; então, Eu sou conhecido
neste mundo e nas escrituras como o Ser Supremo (Realidade Absoluta, Verdade,
Superalma (15.18).
Basicamente, existem dois diferentes
aspectos (ou níveis) de existência – seres temporários (também chamados de Almas
Divinas, Seres Divinos, seres Divinos Temporários, Deva, forças celestes, anjos
guardiões), e o Ser Eterno (Espírito, Atma, Brahm) – da Uma e mesma Realidade
Absoluta, conhecida como Ser Supremo. A invisível, imutável e perene entidade é
chamada de Ser Eterno. Os seres temporários não expansões do Ser Eterno no mundo material. A criação
inteira está sempre mudando e trocando, e é também chamada de temporária. Tanto
o temporário como o Seres Eternos são expansões do ser Supremo. O Ser Supremo –
a base do que é temporário e eterno – é o mais alto, ou o Absoluto, que é
referido por vários nomes. Os aspectos pessoais do Absoluto são chamados por
nomes como Krishna, Mãe, Pai e Allah, etc.
O sábio que verdadeiramente Me entende como o
Ser Supremo, conhece tudo e Me adora de todo o coração, Ó Arjuna (veja, também,
7.14; 14.26 e 18.66) (15.19).
Assim,
eu expliquei a ciência mais secreta e transcendental do Absoluto. Tendo
entendido isso, a pessoa se torna iluminada, todas as suas obrigações são
efetuadas, e a meta da vida humana é alcançada, Ó Arjuna
(15.20).
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